Yoga no cotidiano

A pratica do yoga, para muitas pessoas está associada a determinadas técnicas, em sua maioria posturas físicas (ásanas), realizadas um certo número de vezes por semana, só ou com a ajuda de um professor.                                                                                                                                
Porém, por mais intensa e gratificante que seja essa prática (sadhana), é muito pouco comparado ao número de horas de um dia inteiro, se fazendo necessário ao praticante, incorporar a prática do yoga no seu dia-dia, para que transformações significativas possam acontecer.
Desculpas como : Não tenho tempo,  não tenho dinheiro, tenho preguiça, meu corpo não ajuda, são alguns dos indícios que mostram que o conceito geral que se tem do yoga é algo parecido com uma espécie de ginástica de auto-ajuda.
De fato, encontram-se pouquíssimas referências da prática de ásanas na literatura Hindu, sendo a palavra yoga associada sempre a um estado de união da alma individual com sua fonte primordial.
A fonte primordial de tudo que existe, inclusive de todas as vertentes de conhecimento, seja hindu, cristã, budista, e todas as demais, é a Consciência em si, que é nossa verdadeira natureza.
Absolutamente tudo que percebemos, só pode estar acontecendo em nossa própria consciência, pois quando estamos em sono profundo o mundo não existe para nós. Esse é um princípio do Advaita, não apenas mais um conceito, mas o caminho de volta para casa. Mesmo quando falamos voltar para casa, unir-se ao todo, são apenas descrições verbais, porque nunca deixamos a casa, e sempre fomos o que realmente somos, apenas estamos sob o efeito de uma hipnose coletiva, que faz parte do jogo de Lila, o passatempo do Criador.
Para sermos realmente práticos, vamos classificar o mundo em duas coisas: Objetos e espaço. Se olharmos para o universo manifestado assim é, há espaço e objetos ( estrelas, planetas , todas esses pontinhos no céu ), no microcosmos também, sendo o átomo 99% espaço vazio e bolinhas vibrando em torno do núcleo.
No universo mental também, existe o vazio e as percepções que ocorrem no espaço de consciência, pensamentos, emoções, sensações e toda classe de conteúdos percebidos.
A raça humana vive de maneira disfuncional, basta ver o mundo como anda, e podemos afirmar que isso ocorre devido a uma total identificação com toda classe de objetos percebidos, sendo para a grande maioria, a única realidade existente. Isso ocorre pela força do hábito, e como essa hipnose é coletiva, acreditamos que isso seja normal.
Percebemos a realidade a partir do ego, reagimos de maneira mecânica e inorgânica trazendo conseqüências aos demais e ao planeta.
Desde a antiguidade, alguns seres conseguiram escapar desse ciclo de ignorância, e dedicaram suas vidas a compartir tais conhecimentos, e atualmente é cada vez maior o número de consciências liberadas, visto que chegamos ao limite, ou evoluímos ou desaparecemos, pois gaia é inteligente o suficiente para extinguir qualquer espécie que seja nociva a seu bem estar.
Já não há tempo para rascunhos, os conhecimentos necessitam ser práticos e simples, aplicáveis a qualquer pessoa independente de suas condições.
Então, como vivenciar essa realidade?
Trazendo sua atenção de volta a sua fonte, fazendo disso um hábito diário. Em vez de estar todo tempo  ocupado com objetos, sejam externos ou internos, cultive o hábito de perceber o espaço de consciência onde tudo acontece, estar simplesmente presente naquilo que faz, dando ao momento presente total prioridade em sua vida, confiando e dedicando toda sua energia a estar cada vez mais familiarizado com algo que até então era visto como o mais insignificante, desviando a atenção ao passado e ao futuro, que são nada mais que objetos na consciência.
Toda a plenitude, felicidade, satisfação, enfim tudo de bom que podes desfrutar em TODA sua vida, estão disponíveis somente nesse momento.
Você já deve ter ouvido ou repetido isso, mas enquanto isso não for uma realidade experimental, é apenas mais um conceito, e as armadilhas da mente são muito astutas, requerendo de nós muitíssima maturidade para de fato permitir que esse novo estado de consciência floresça em nós.
Pode ser melhor que você realize várias curtas meditações durante o dia, nos diversos intervalos que temos, que ficar sentado em meditação por uma hora lutando para parar os pensamentos.
Enquanto escutamos alguém, em vez de estar categorizando o que ouve, pensando no que vai dizer, podes estar simplesmente vazio, aberto e ao mesmo tempo ancorado em seu corpo, em sua energia, sem se perder nas relações.
Todos caminhamos durante o dia, podemos também caminhar de forma meditativa, sentindo cada passo, o tato do ar, os sons ao nosso redor, em vês de estar absorvido pelo fluxo de pensamentos.
Ao tomar banho, podemos massagear e sentir melhor cada pedacinho do nosso veículo físico, com gratidão e carinho, por nos permitir vivenciar essa experiência material.
Buda Gautama enfatizou a atenção plena, ensinando a seus discípulos a arte de viver no presente, com a ajuda da respiração consciente. Tente observar a respiração e pensar ao mesmo tempo, algo acontece quando exercitamos o músculo da consciência, uma energia renovadora emerge em nós, e o fluxo de pensamentos inúteis e repetitivos vai se dissipando pouco a pouco.
Se lutares com eles, tentar reprimi-los ou substituí-los por positivos, eles ficam ainda mais fortes, a dica é testemunhar de maneira imparcial, qualquer percepção, sabendo lá no fundo que tudo é criação da própria Consciência Suprema, que se expressa através de ti, está tudo bem e não há nada com que lutar.
Outra dica valiosa para criar intimidade com a consciência, é trazer a atenção ao corpo e suas sensações, observando quando surge tensões e dissolvendo-as através da exalação. Quando não percebemos o surgimento da tensão ela vai tomando conta, bloqueando nosso fluxo natural de energia, acarretando desconforto e enfermidades.
Nosso propósito e de qualquer ser vivente é de fato sentirnos bem, então precisamos reaprender a sentir bem, despertar a percepção da hipnose dos pensamentos inúteis e repetitivos, para quando necessitarmos usar a mente ela esteja a nossa disposição, fresca e criativa, para ser usada em benefício do todo.
Pense nisso, ou melhor, viva isso.
Para apoiar-nos  nesse caminho sem caminho, estaremos postando uma série textos e vídeos traduzidos ao português de alguns amigos que estão absolutamente imersos nessa realidade, nos incentivando a optar por essa possibilidade.
Mais que esforço, isso requer aceitação e atenção.
Carpe dien.